Surreal

Lá estava ela.
Intacta, intocável, não triste, não ardente, somente alguém que pretendia mudar as coisas, pois como estavam não havia mais motivos para fazer o mundo girar.
Eu via, uma busca, uma batalha assustadora por uma pequena chama de vontade, algo que fizesse-a levantar-se todos os dias, que desse à ela um desejo maior de olhar para o espelho e colocar aquele vestidinho que tanto amava.
Procurando até nos detalhes mais sórdidos, ela sofria na busca de coisas que completassem-na, que a fizesse sorrir por tempos por coisas sem sentido.
No fundo eu e ela sabiamos que o ponto chave da questão era o amor.
E porque o amor?
Ela queria sentir seu coração pulsar, por favor, sem querer ser muito clichê, pois odeio isso, ela não queria o principe encantado que chegaria no cavalo branco, e diria à ela tudo que ela sonhou aqueles anos ouvir, não queria um cara que fizesse todas as suas vontades ao pé da letra, que sorrisse e chorasse somenta na hora certa, que assistisse filmes romanticos todos os sabados a noite.
Ela queria o cara que amasse ela a cima de qualquer coisa, que lembrasse dela nos momentos mais improprios, assim eu diria, que a fizesse transbordar e chorar desesperadamente por pensar tê-lo perdido por 5 segundos.
O cara que apresentasse-a para sua familia, e tivesse orgulho de chama-la de minha namorada, que brincasse, que fosse idiota e inteligente, que levasse ela pra conhecer coisas que ela não conhecia, ou com somente sua presença transformar os lugares mais chatos nos mais especiais, transformar aqueles dias normais em dias para se guardar num lugar muito especial na memória.
Seus olhos, no mais intimo, diziam para mim que desejava alguém que fizesse sua pele formigar, alguém que com um toque, um pequeno toque fizesse-a arrepiar por inteiro, alguém que soubesse a hora certa de ser ousado, e de se aquietar, que soubesse a hora certa de beija-la intensamente e a hora certa de dar beijos calmos que ainda assim lhe arrancasse suspiros longos e profundos.
Queria alguém que lhe irritasse, mais lá em seu coração ela saberia que estava adorando a ideia, que fosse carinhoso, romântico, chato, e idiota.
E eu sabia o quão contraditário isso parecia. Mas em alguma parte eu entendia.
E enfim, naqueles momentos de observação eu vi muito mais coisas que simplesmente não dá pra descrever.
Olhando pro espelho, falei sobre mim, vi meu coração, meus olhos, e li meus pensamentos, me entendi.
Hoje me sinto completa, realizada, porque encontrei tudo que eu disse e o que eu não consigo descrever em você.